Na cadência do tempo nos constituímos seres contadores de histórias, algumas histórias podem vir a ser mais bem elaboradas que outras, entretanto, nenhuma delas deixa de ganhar seu reconhecimento histórico.
Algumas histórias, a depender de seus lastros, ganham status de fofoca, outras de contos, outras ainda são ficções científicas, há também aquelas que de tão bem contadas ganham contorno de romance.
Seja como for, toda história precisa ser contada.
Sempre que nos sentávamos à mesa havia histórias a serem contadas, aquelas mesmas histórias que se contavam sempre com os mesmos detalhes. Eram paisagens que se desenhavam, cheiros que se faziam presentes de um tempo de infância ou de uma memória inconformada aos absurdos de um ato político.
Aprendi, não há tempo, que os anciões sempre compartilham suas histórias não por não terem mais sobre o que falar, mas por terem tido muitas histórias por compartilhar para que sempre ao serem lembradas se façam presentes em nossas memórias como subsídios implícitos necessários aos parâmetros de cada escolha ou renúncia que a história está por escrever. E na teia dessa construção continuar a ser história a ser contada.
Fato é que de história em história o que não nos damos conta é que nunca percebemos sua construção concreta acontecendo no presente.
Este é o ponto.
Sermos históricos nos condenou a uma cegueira cotidiana acerca de nosso propósito histórico, uma espécie de ruptura de nós com nosso presente que nos condena à inconsciência do que somos em relação ao que se concretiza à partir daquilo que permitimos ou omitimos sobre nós mesmos. E assim, só vamos nos dando conta do que edificamos sobre nós mesmos quando o verbo passa a ser conjugado no pretérito. Ora pois, toda história mora necessariamente no passado ainda que imediato.
Mas que sina é essa que nos condena a sermos possíveis apenas de forma pretérita se nossa “essência”, por assim dizer, é um eterno vir a ser?
Se não posso me definir pelo indeterminado do que ainda não aconteceu sou apenas aquilo que já passou?
Então sou história determinada pelo que ao sabor dos acontecimentos inconscientes da minha ruptura presente se escreve sem a minha ciência?
Não!
Sou um eterno vir a ser consciência presente que se faz perceber nas histórias que posso vir a contar sobre o que ainda não decidi ser na presença do agora. Por isso sou abertura ainda que o mundo seja determinação concreta de inconsciente convenção histórica.
Sou o que sou agora, uma história a vir a ser contada.
E você?
Quer vir me contar a sua história para aprendermos a ser presença concreta a ser contada?
Karina Zapater
Psicóloga
CRP 06/184974